por Gustavo_HSAL » Sexta Set 18, 2009 8:44 pm
Olá, "waters". O que se dá na frase "Eu custo acreditar que aconteceu isso" é hábito dos falantes da língua hodierna; a gramática tradicional, no entanto, condena construções semelhantes. Dizer, no momento íntimo, "Eu custei a perceber que Joaquim havia chegado" é prática perfeitamente coerente; nos momentos íntimo e solene, não convém, porém, escrever e falar assim. Na acepção de "ser custoso ou difícil", o verbo custar é transitivo indireto, seu complemento é, geralmente, pessoa e seu sujeito, oração. Abaixo estão exemplos de construções corretas:
Custou-me muito admitir que estava errado.
Não custa a ninguém obedecer à Constituição.
Custaram-lhes os tristes episódios de antanho.
Como já havia escrito há algum tempo, o verbo custar é unipessoal, ou seja, só se usa na terceira pessoa, do singular ou do plural. Isso ocorre, obviamente, por seu sujeito ser oracional.
Portanto, a frase "Eu custo acreditar que aconteceu isso" corrompe a norma-padrão; está, portanto, errada. A outra frase só não está inteiramente correta porque o pronome oblíquo está proclítico, quando deveria aparecer após o verbo; rege a norma explicada pelo colega Yuri: não se inicia período com pronome oblíquo átono [até porque, sendo o enclítico o modelo principal de colocação, não há fatores de próclise na frase].
Isso é tudo.
Abraço. Até outros tópicos.